Máscaras que mentimos
esmagam o que sentimos
como uma grande serpente farpada.
Não quero com ninguém
uma dança mascarada.
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Poupe-me
dos amores
de proveta
do riso
de plástico
das palavras
embutidas
dos abutres
da tua vida (pai, mãe,
tia). A monotonia
dos teus gestos
afogou meu saco
no tédio.
de proveta
do riso
de plástico
das palavras
embutidas
dos abutres
da tua vida (pai, mãe,
tia). A monotonia
dos teus gestos
afogou meu saco
no tédio.
quinta-feira, 12 de abril de 2012
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Capim
Por que
teus olhos
me olham
assim,
um pouco
tristonhos?
Às vezes
eu sonho
contigo
assim:
dançando
num campo,
sorrindo
e cantando
entre o
capim.
teus olhos
me olham
assim,
um pouco
tristonhos?
Às vezes
eu sonho
contigo
assim:
dançando
num campo,
sorrindo
e cantando
entre o
capim.
quinta-feira, 5 de abril de 2012
13
Talvez
eu esteja
ficando
maluco.
Vejo
vultos
ouço
vozes
de gente
que não
conheço.
Sinto
calafrios
quando passa
um gato
preto.
Credo!
Talvez
eu esteja
ficando
biruta.
eu esteja
ficando
maluco.
Vejo
vultos
ouço
vozes
de gente
que não
conheço.
Sinto
calafrios
quando passa
um gato
preto.
Credo!
Talvez
eu esteja
ficando
biruta.
É preciso
É preciso
dar sentido
ao que não vejo,
matematizar
o que não pode
ser compreendido.
É preciso
calcular
o risco,
riscar
da existência
o mito,
fingir
que o amor
é aritmético:
um mais um
é igual a dois,
e tudo pode dar certo.
dar sentido
ao que não vejo,
matematizar
o que não pode
ser compreendido.
É preciso
calcular
o risco,
riscar
da existência
o mito,
fingir
que o amor
é aritmético:
um mais um
é igual a dois,
e tudo pode dar certo.
Astros e dados
Os astros haviam previsto: aquele seria um ano bom. Muita coisa mudaria: sorte no amor; no âmbito financeiro, prosperidade.
Não importava alguma coisa saísse fora do que o Cosmo havia determinado, desde que sua viagem não malograsse. Há dias esperava por ela. Pedira contas do emprego duas semanas antes. Ligara para todos antecipadamente. E estava feliz, mesmo sabendo que em um peito amigo deixaria enorme saudade. Que fazer? A vida também era renúncia. E, afinal de contas, não seria definitivo. Prometia voltar para os festejos de fim-de-ano (primeiro a capital, depois o interior). Não estaria abandonado ninguém. Não era uma fuga. Apenas precisava conhecer novos ares e novos mares. Nunca havia andado de avião, e só a expectativa de alçar voo fazia alguma coisa dentro de si flutuar... Talvez os próprios miolos. Não temia ser chamada provinciana. Ela mesma admitia ser um tanto matuta. Tudo lhe era grande, ou profundo demais.
Astros e dados, cartas e búzios, todos haviam errado. Alguém lhe devia ter avisado: vista um casaco, tome seus remédios!
Mas não queria ser motivo de preocupações. Mesmo as peças não estando no lugar, diria sentir-se bem, e, com esperança, aguardaria mais aquela ventania passar.
Não importava alguma coisa saísse fora do que o Cosmo havia determinado, desde que sua viagem não malograsse. Há dias esperava por ela. Pedira contas do emprego duas semanas antes. Ligara para todos antecipadamente. E estava feliz, mesmo sabendo que em um peito amigo deixaria enorme saudade. Que fazer? A vida também era renúncia. E, afinal de contas, não seria definitivo. Prometia voltar para os festejos de fim-de-ano (primeiro a capital, depois o interior). Não estaria abandonado ninguém. Não era uma fuga. Apenas precisava conhecer novos ares e novos mares. Nunca havia andado de avião, e só a expectativa de alçar voo fazia alguma coisa dentro de si flutuar... Talvez os próprios miolos. Não temia ser chamada provinciana. Ela mesma admitia ser um tanto matuta. Tudo lhe era grande, ou profundo demais.
Astros e dados, cartas e búzios, todos haviam errado. Alguém lhe devia ter avisado: vista um casaco, tome seus remédios!
Mas não queria ser motivo de preocupações. Mesmo as peças não estando no lugar, diria sentir-se bem, e, com esperança, aguardaria mais aquela ventania passar.
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