A palavra
eu odeio:
escrevo o que quero,
mas não o tenho.
A palavra
não fala
o que vejo:
diz apenas
o que sinto;
minto
no afã inútil
de querer ludibriar a verdade,
a realidade que punge meu peito
e me oprime.
A palavra
hoje
está morta.
Foi sepultada contigo.
sexta-feira, 23 de março de 2012
terça-feira, 20 de março de 2012
Pedaço de coisa
Sou árvore
morta
bebendo lama
no lodo apodrecido
do pântano contaminado.
Sou árvore
seca
no inverno infértil
de julho.
Meus galhos curvos
apontam para o alto
como mãos trêmulas
a rogarem migalhas
a um deus indiferente.
Sou árvore
decadente.
Por favor,
me cortem
os galhos
e me transformem
num pedaço de lenha.
Só assim poderei ser
pedaço de coisa
útil.
morta
bebendo lama
no lodo apodrecido
do pântano contaminado.
Sou árvore
seca
no inverno infértil
de julho.
Meus galhos curvos
apontam para o alto
como mãos trêmulas
a rogarem migalhas
a um deus indiferente.
Sou árvore
decadente.
Por favor,
me cortem
os galhos
e me transformem
num pedaço de lenha.
Só assim poderei ser
pedaço de coisa
útil.
domingo, 18 de março de 2012
Busca
Para Michele Oliveira, in memorian
Você ainda está segurando minha mão?
Eu não sinto.
O teu riso,
agora apenas um eco,
ressoa em meu peito vazio.
A tua voz
recita ao pé do meu ouvido
palavras e frases desconexas
ditas nos momentos felizes
e tristes
de nossa amizade.
Busco tua presença
e pressinto
longos anos de saudade
Pouco a pouco
Por que, Deus meu
existe essa linha
que separa a morte e a vida
e nos impede
matar saudades
abraçar como nunca antes
a pessoa tão querida?
Eu quero transcender
passar da vida para a morte
sentir tão forte aquele amor
aquela amizade que era vida.
Agora nada me resta,
nada me resta de ti.
Os versos que te dei
não pode-os levar contigo.
Fica, então, com o meu carinho
enquanto eu morro
pouco a pouco
de saudades.
existe essa linha
que separa a morte e a vida
e nos impede
matar saudades
abraçar como nunca antes
a pessoa tão querida?
Eu quero transcender
passar da vida para a morte
sentir tão forte aquele amor
aquela amizade que era vida.
Agora nada me resta,
nada me resta de ti.
Os versos que te dei
não pode-os levar contigo.
Fica, então, com o meu carinho
enquanto eu morro
pouco a pouco
de saudades.
sexta-feira, 16 de março de 2012
Corpo-a-corpo
Para Cidinha,
meu amor louco,
amor de fogo,
insano,
pecado;
amor de verão
e de inverno,
meu inferno
e meu paraíso.
Quero
tudo.
Quero
teu mundo
teus beijos.
Teu corpo
salpicado de desejos
almejo.
Quero
contigo
um corpo-a-corpo
entre lençóis
e cobertores,
nossos amores
entrelaçados
atados
indivisíveis
indi
Não dissimule
Se teu riso
não é verdade,
se teu rumo
não é norte,
se a dor
é de morte
e o amor
não é lume,
por favor
não dissimule.
não é verdade,
se teu rumo
não é norte,
se a dor
é de morte
e o amor
não é lume,
por favor
não dissimule.
O gato
No ponto
mais alto
da noite
postou-se
o gato.
Garboso,
as estrelas
fitou
como se
fosse rei
senhor de todas as
noites
e nuvens
e luas
e silêncios
e volúpias
e mortes
e eternidades
mais alto
da noite
postou-se
o gato.
Garboso,
as estrelas
fitou
como se
fosse rei
senhor de todas as
noites
e nuvens
e luas
e silêncios
e volúpias
e mortes
e eternidades
Ato insensato
Esquece
esquece tudo
apaga do teu passado
o futuro
hoje presente
rasga
insinera
deleta
toda a memória feliz
da gente que
tão bem te quis.
esquece tudo
apaga do teu passado
o futuro
hoje presente
rasga
insinera
deleta
toda a memória feliz
da gente que
tão bem te quis.
Cidinha
Cidinha
mesmo inha
tinha um grande
coração.
Não queria morrer
de solidão.
O seu amor
esperava
mesmo de madrugada,
mesmo com o corpo
castigado
a reclamar repouso,
cama e consolo.
mesmo inha
tinha um grande
coração.
Não queria morrer
de solidão.
O seu amor
esperava
mesmo de madrugada,
mesmo com o corpo
castigado
a reclamar repouso,
cama e consolo.
quarta-feira, 14 de março de 2012
A madrugada e o poeta
A madrugada,
calada,
talvez reflita...
Em luto antecipado
por si mesma
talvez esteja,
ou aguardando
que o poeta lhe abrace
com doçura
e lhe faça
dois versinhos
meio bestas.
calada,
talvez reflita...
Em luto antecipado
por si mesma
talvez esteja,
ou aguardando
que o poeta lhe abrace
com doçura
e lhe faça
dois versinhos
meio bestas.
quinta-feira, 8 de março de 2012
Arritmia poética
Perdoa,
minha literatura é pobre,
minhas palavras são parcas,
meus desejos são tantos
e tão diversos: quero e não quero,
amo e não amo.
Perdoa,
minha vida é monotonia,
morre noite, nasce dia,
trancafiado, cerrado,
algemado,
encarcerado.
Carrego pedras no sapato
que retardam meus passos,
tornam meu tempo outro.
Não me encaixo em lugar algum.
Estou sempre fora, num mundo à parte;
meu mundo se parte e se dobra,
rasteja e se esgueira
por entre os caminhos
da solidão
e da utopia.
Perdoa,
o verso é torto,
sofre arritmia;
é velho e caquético,
vai morrer na próxima esquina.
minha literatura é pobre,
minhas palavras são parcas,
meus desejos são tantos
e tão diversos: quero e não quero,
amo e não amo.
Perdoa,
minha vida é monotonia,
morre noite, nasce dia,
trancafiado, cerrado,
algemado,
encarcerado.
Carrego pedras no sapato
que retardam meus passos,
tornam meu tempo outro.
Não me encaixo em lugar algum.
Estou sempre fora, num mundo à parte;
meu mundo se parte e se dobra,
rasteja e se esgueira
por entre os caminhos
da solidão
e da utopia.
Perdoa,
o verso é torto,
sofre arritmia;
é velho e caquético,
vai morrer na próxima esquina.
Retrato
Um velho sentado
às margens do rio,
o sol se pondo,
o vento indo,
as palmeiras dançando
um tango silencioso,
o menino pedindo
um trocado ao moço
que vai seguindo
seu caminho
apressado.
O tempo é finito.
às margens do rio,
o sol se pondo,
o vento indo,
as palmeiras dançando
um tango silencioso,
o menino pedindo
um trocado ao moço
que vai seguindo
seu caminho
apressado.
O tempo é finito.
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