quinta-feira, 8 de março de 2012

Arritmia poética

Perdoa,
minha literatura é pobre,
minhas palavras são parcas,
meus desejos são tantos
e tão diversos: quero e não quero,
amo e não amo.

Perdoa,
minha vida é monotonia,
morre noite, nasce dia,
trancafiado, cerrado,
algemado,
encarcerado.
Carrego pedras no sapato
que retardam meus passos,
tornam meu tempo outro.
Não me encaixo em lugar algum.
Estou sempre fora, num mundo à parte;
meu mundo se parte e se dobra,
rasteja e se esgueira
por entre os caminhos
da solidão
e da utopia.

Perdoa,
o verso é torto,
sofre arritmia;
é velho e caquético,
vai morrer na próxima esquina.

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