domingo, 22 de julho de 2012




Volto a novembro

Quando o mundo é pequeno
procuro razões
em outras dimensões
para explicar emoções
que mal nascem
já logo vão morrendo.

Sou levado a pensar:
por que tanto penar
nessa terra de ventos serenos?
Algum dia seremos
maiores que o mar:
amaremos tudo,
esqueceremos nossas dores
como a onda que passa
e assombra o menino
que cisma consigo
na ponte a pescar:

Por que tantas guerras
por que tanta fome
por que o homem
não consegue sonhar
mais alto que o muro
de seu egoísmo
mais forte que o estampido
de suas metralhas?

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Dia, dia
mais um dia
em que nada tenho
a fazer.
Sou plateia
do tempo que passa
diante de minha janela
alheio a mim.
Sou a pedra
onde o musgo repousa
e os mexilhões, cansaddos,
ancoram seus navios.
Sou o vício
de estar vivo.
Carrego em meus pesares
a esperança de que o tempo
arrastará consigo dias melhores

terça-feira, 10 de julho de 2012

Amigos de outrora,
não esqueçam de mim.
Ainda estou aqui,
pouco mudei.
Ando me sentindo
um tanto sozinho,
conversando com meus botões.
Acho que enlouqueci de vez.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Desde algum tempo não sinto
saudade gratuita de coisas à-toa:
o sol mole da primeiras horas do dia,
o vento geladdo beijando minha epiderme,
contando-me segredos
de uma madrugada sozinha.
Caminhar por caminhar
em algum lugar,
para lugar algum;
apenas sentir o corpo
entrando em aividade,
jogando por terra
sua couraça de ferrugem;
o espírito livre
como penugem vagando
acima da mesquinharia
do homem
sobre o homem,
suas leis de papel,
sua hipocrisia.
Não adianta
lamber os beiços;
hoje só tem
arroz e feijão.
Mas, é preciso crer:
dias melhores virão

terça-feira, 3 de julho de 2012

Sua dor

Quando você trancava
 a porta do seu quarto
talvez chorasse
suas dores de menina.
Eu sempre quisera
ter palavras que calassem
fundo em teu peito
e cicatrizassem teus amores frustrados.
Um abraço também valeria
mas em seu quarto trancada você vivia.
Sua dor a ninguém mais pertencia.

Bonecas e risos

Quem dera eu fosse
o senhor dos ventos;
varreria para longe
a tua dor
e te levaria comigo
no embalo dos coqueiros.
De noite eu seria
brisa fresca
conduzindo-te mansamente
ao reino das utopias.
E quando sozinha você estivesse
e quando a saudade teu peito ferisse,
traria de volta os bons momentos
da tua infância doce
tão cheia de bonecas
e risos.

Chá de sumiço

Quando me sinto desiludido
o vento parece dono de mim;
ora vou para este,
ora para oeste
ou Budapeste.
Tem vezes que nem sei
para quê vim
por que ainda pemaneço
por que não desapareço
como poeira no vento
como chá de sumiço.
Sou apenas coisa
no meio de tantas coisas,
Coisas que se perdem na infinidade de coisas
que não entendo.

Ente noturno

Tua ausência
fez de mim ente noturno.
Esgueirando-me entre becos escuros,
buscando refúgio em saudades,
escrevo lágrimas e dor,
solidão, ansiedade;
Até carta de suicida escrevi.
Pensei burradas,
porém faltou-me coregem.
Tive medo de acordar e me descobrir
ainda mais longe de ti.