quinta-feira, 5 de abril de 2012

Astros e dados

Os astros haviam previsto: aquele seria um ano bom. Muita coisa mudaria: sorte no amor; no âmbito financeiro, prosperidade.

Não importava alguma coisa saísse fora do que o Cosmo havia determinado, desde que sua viagem não malograsse. Há dias esperava por ela. Pedira contas do emprego duas semanas antes. Ligara para todos antecipadamente. E estava feliz, mesmo sabendo que em um peito amigo deixaria enorme saudade. Que fazer? A vida também era renúncia. E, afinal de contas, não seria definitivo. Prometia voltar para os festejos de fim-de-ano (primeiro a capital, depois o interior). Não estaria abandonado ninguém. Não era uma fuga. Apenas precisava conhecer novos ares e novos mares. Nunca havia andado de avião, e só a expectativa de alçar voo fazia alguma coisa dentro de si flutuar... Talvez os próprios miolos. Não temia ser chamada provinciana. Ela mesma admitia ser um tanto matuta. Tudo lhe era grande, ou profundo demais.

Astros e dados, cartas e búzios, todos haviam errado. Alguém lhe devia ter avisado: vista um casaco, tome seus remédios!

Mas não queria ser motivo de preocupações. Mesmo as peças não estando no lugar, diria sentir-se bem, e, com esperança, aguardaria mais aquela ventania passar.

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