segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Ditadura do amor

Queria que tudo fosse sempre assim,
nunca houvesse o fim,
nem o partir
e o sentir no peito
o amargor de um adeus.
Queria, outrossim,
que todos os dias fossem feriados,
que os rostos cansados irradiassem tanta luz
quanto num domingo;
e que os patrões
dessem folga a seus empregados
por tempo indeterminado.
Queria caminhar pelas ruas
e encontrar todos de braços dados,
como bobos ou abestados,
a estamparem nas caras
sorrisos arreganhados.
Que o amor fosse a única sinfonia;
nas televisões e nos rádios, a única notícia;
que fosse a única arma, o único grito
nos campos de batalhas;
que fosse a roupa que vestimos,
o sapato que calçamos,
o alimento que digerimos
o sonho que sonhamos,
a palavra que proferimos,
a ditadura nos governando
por caminhos plácidos,
mares tranquilos.
Que, nem a distância,
nem as diferenças
ou as divergências,
fossem capazes de separar
corações que verdadeiramente se amam.

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