sábado, 5 de novembro de 2011

Código secreto

Helena olhou o telefone e descobriu que tudo o que mais queria no momento era ouvi-lo tocar: três toques, era a senha. Não precisava atender. Saberia que Eduardo estava à sua espera, do outro lado da rua.

Nada, porém - e ela inquietou-se ainda mais. Algo diferente havia acontecido, algo que não estava nos planos. Eduardo sempre fora pontual em seus compromissos, ainda mais aquele; não entendia por que se atrasara. No casamento da prima fora o  primeiro convidado, chegando à igreja antes mesmo que os noivos. Foi por causa de sua pontualidade no emprego que concederam a ele a importante tarefa de abrir e fechar a loja - assim não haveriam atrasos.

Muitas vezes Helena ralhara com essa mania, o que ela chamava de "esquisitisse"; a eficiência de Eduardo era quase submissão. Ele, no entanto, nanca mudara, tornando sua mania um hábito.

Agora haviam-se passado cinco minutos desde que o telefone permanecera mudo. Helena aproximou-se da janela da sala. Procurou, procurou, procurou. Nenhum sinal de Eduardo à vista, sequer vestígios de que estivera ali. Voltou a fazer companhia ao aparelho. Minutos depois estava roendo as unhas. Nunca tivera esse hábito antes. Sua mãe era quem roía as unhas frenéticamente quando tinha o pressentimento de algo, não ela.

Preferia não pensar no pior. Não, isso não. Talvez ele apenas estivesse preso num congestionamento dentro de um túnel, onde celulares não pegavam; ou talvez estivesse numa loja qualquer... comprando flores para ela!

Por mais otimistas que fossem, nenhuma dessas hipóteses pareciam prováveis. Deus!, o que havia acontecido?

Oculto atrás de um poste, Eduardo a observava. Não tinha coragem de se mostrar ou de enviar o código que haviam criado para driblar a vigilância do pai de Helena. Seu coração havia se apaixonado por outra.

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