Quando eu era criança e ainda estava na escola, havia uma regra que nos
fora imposta pelo diretor: diariamente, após o término das aulas,
tínhamos de nos reunir no pátio para cantar o Hino Nacional. Aí era um
problema, porque toda vez que chegávamos na parte do "Ó Pátria amada,
Idolatrada, Salve! Salve!" eu caía na gargalhada. Não entendia como se
podia salvar uma pátria, nem por que ela estava pedindo socorro.
Quase sempre eu era expulso daquelas ocasiiões solenes, o que até achava bom. De espírito inquieto, não parava sossegado um minuto. E por mais
que meus pais fossem convocados à diretoria, eu não tomava jeito -
pelo
contrário, até me tornava pior, como um modo de me vingar pelo o que tinham me causado.
Hoje compreendo que a pátria não estava pedindo socorro - não do modo
como eu pensava. Hoje ela pede que a salvemos da corrupção, do descaso das
autoridades, da injustiça, da impunidade, do desigualdade, da
miséria.
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