sábado, 5 de novembro de 2011

Segunda-feira

Hoje é segunda-feira e não há nada que a torne diferente da segunda-feira anterior. Às nove horas já estou desperto, porém indisposto a levantar-me da cama. Passo mais algum tempo deitado, meio que indeciso quanto ao que fazer das horas livres que terei ao longo do dia. Talvez leia um livro ou escreva alguma coisa. Talvez assista a um programa na tevê. Gosto de desenhos animados, eles me fazem rir um pouco - ao contrário dos telejornais, sempre carregados de novidades trágicas. Hoje eu não quero saber a quantas andam a guerra no Oriente Médio. Pouco me interessa saber quem matou quem a quantas facadas, ou o que será dos japoneses, depois de terem sofrido enorme tragédia. Não me leve a mal, é que prefiro estar à parte de tudo isso. Também não suporto ver meus irmãos combatendo-se em guerras, enquanto aqui estou de camarote, assistindo a tudo pela tevê.

Sei que esta segunda-feira será como as demais outras. Daqui a pouco estarei de pé, olhando minha cara enrugada no espelho do banheiro. Enquanto escovo os dentes, estarei pensando em coisas que poderia ter feito e deixei de lado; estarei pensando em meus erros, querendo voltar ao passado e consertar coisas quebradas,. Quando criança, eu mesmo consertava meus brinquedos quebrados - não ficavam tão bons quanto antes, mas voltavam a funcionar. Queria poder fazer o mesmo com as coisas da vida.

Daqui a pouco estarei tomando meu café amargo, deglutindo o pão adormecido. E meus pensamentos continuarão vagando por caminhos ermos, até que finalmente a encontrarão. Este, ultimamente, tem sido o único lugar onde posso encontrá-la novamente, abraçá-la mais uma vez; dizer que a amo e que morreria por ela, morreria para que vivesse um pouco mais feliz. Reconheço que errei - errei muito -, e a única coisa que peço é a chance de me retratar. Mas é tarde, demasiado tarde para pedir perdão. Meus erros a magoaram e agora ela se fechou em seu casulo, seu mecanismo de auto-defesa contra as coisas da vida. Seu mundo não mais me pertence. Perdi seu coração.

Já não mais tenho certeza de nada, anão ser de que hoje é segunda-feira, um dia como qualquer outro. Estou deitado em minha cama, contemplando os buracos em meu teto. Daqui a pouco vou levantar. Daqui a pouco vou tomar meu café. Talvez assista a alguma coisa na tevê, se vontade me der. Caso contrário, estarei lendo ou escrevendo alguma coisa.

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