sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Boi, boi, boi...

Na minha infância, muitas coisas me metiam medo. O escuro, por exemplo. Só de pensar nele, já me sentia todo arrepiado.

Quanto a isso, nada de anormal, toda criança tem medo de escuro, assim como de minhocas, baratas e aranhas (até os adultos têm medo dessas coisas!). o que, definitivamente, fugia do normal era o pavor que eu tinha de bois. Toda vez que encontrava algum solto na rua, corria para me esconder debaixo da cama, onde ficava o resto do dia ou até que alguém me encontrasse.

À noite, sonhava com bois. Sonhava que estava cercado por dezenas deles: pardos, grandalhões, desajeitados. Me encaravam com uma expressão estúpida na cara, despreocupados com a vida. Nada faziam, além de mastigarem capim, mas eu sempre acordava aos berros. Mamãe acudia às pressas, tentando me tranquilizar, mas tudo que conseguia era agravar ainda mais a situação. em seu colo, ouvia sua voz doce cantarolando a canção de ninar que tanto me enchia de pavor:


Boi, boi, boi,
Boi da cara preta....

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