terça-feira, 4 de outubro de 2011

Das coisas inúteis da vida

Para alegria ou infortúnio da Nação, criou-se o Dia da Motocicleta, afinal, é muito importante homenagear esse veículo tão barulhento e petulante. Não sei que falso poder ele confere aos motociclistas, que se acham no direito de ultrapassar os automóveis, com o risco até mesmo de lhes arrancar o retrovisor - sem falar nos inúmeros riscos que essa manobra representa, inclusive para eles mesmos. Acredito que, nas autoescolas, antes de oferecer carta branca para esses assassinos em potencial saírem matando, deveria-se oferecer certificado de boas maneiras. Sei que esse tipo de educação adquire-se em casa, mas certos lares, desestruturados como são, não oferecem estrutura para esse cuidado.

Também criou-se o Dia do Sorvete, homenagem bem merecida, pois sem ele, o que seria de nossos calorosos dias tropicais? assim como também são importantes o Dia da Pamonha, o Dia da Goma de Mascar (ou chiclete) e o Dia do Bigode.

Não tem ímpetos a criatividade humana para coisas inúteis, e isso não se limita apenas à criações de datas comemorativas; há também os inventores. Ainda um dia desses vi na televisão um sujeito que se gabava de ter criado um coçador de cabeça. O aparelho era até interessante, mas sua utilidade não compensava o preço. Ainda prefiro usar os dedos para aliviar coceiras e comichões.

Mudei de canal e me deparei com outra propaganda, essa apresentando um produto mais sofisticado, com ares futuristas: uma esteira cuja funcionalidade não era fazer correr, você subia nela e seu corpo começava a tremelicar. A explicação era que os músculos ficavam mais definidos com a tremelicagem. Só a propafganda, no entanto, não convencia - pelo contrário, causava repulsa ver toda aquela gordura tremelicando. Então, uma bela voz máscula anunciava que aquele produto já fora utilizado por estrelas de Hollywood, como Angelina Jolie e Tom Cruise. "Ligue já para o número em sua tela e peça o seu!"

Mudo novamente de canal e me deparo com uma bunda enorme sofrendo apalpada, repuxões e espremidelas por mãos que se faziam entender especialistas. Não espero para saber do que se trata. Desligo a televisão e vou ler um livro. ( Atualmente estou lendo "O Lado Ativo do Infinito", de Carlos Castañeda. Muito bom. Recomendo.)

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