O mesmo podemos dizer quando o caso é atravessar uma rua. Você nunca poderá atravesar a mesma rua num mesmo sentido duas vezes seguidas. Cada vez será como a primeira.
Para ilustrar melhor, digamos que o par de tracejados abaixo represente as duas extremidades de uma avenida e que o X numa de suas margens seja você:
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X
A não ser que você, assim como as
amebas, tivesse a capacidade de se dividir em dois, a trarefa de
atravessar essa rua num mesmo sentido duas vezes seguidas seria algo
impossível.
Podemos também
considerar como parte irrevogável das coisas da vida o ato de embarcar
num ônibus por engano. Mesmo que você tome o ônibus certo depois, isso
não muda o fato de que seu percurso habitual para o trabalho, casa ou
escola foi alterado; que você, mesmo sem querer, acabou fazendo um tour
por algum lugar desconhecido da cidade. Em algumas ocasiões, isso até
que não pode ser tão ruim, como quando uma amiga me relatou de sua
aventura no interior de um ômibus que tomara achando que fosse o que
costumava pegar. Ela só se deu conta de que havia cometido um engano
quando o dia começou a escurecer e o ônibus não chegava ao destino
desejado.
Para encerrar minha
crônica, vou me arriscar afirmando que uma das coisas irrevogáveis em
nossa vida é o amor. Quando você se entrega a esse sentimento, perde-se
em seus muitos caminhos. Não há como desfazer os seus laços. Ele será
para sempre aquele fraquejo nas pernas, um palpitar mais intenso, um
pensamento meio bobo. Como diria nosso colega Luís: "é um nunca
contentar-se de contente; um cuidar que ganha sem se perder."
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