quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Coisas irrevogáveis da vida

Há coisas em nossa vida que são irrevogáveis, e mesmo assim não hesitamos em arriscar um passo adiante - seja pelo prazer que isso nos dá, seja pela total falta de controle que temos sobre nossos impulsos primitivos. Saltar de para-quedas, por exemplo; é algo irrevogável, definitivo. Depois que você está no alto, com os braços abertos em meio ao azul vazio do céu, não há como voltar atrás. Saltar de para-quedas não aceita arependimentos nem devoluções.

O mesmo podemos dizer quando o caso é atravessar uma rua. Você nunca poderá atravesar a mesma rua num mesmo sentido duas vezes seguidas. Cada vez será como a primeira.
Para ilustrar melhor, digamos que o par de tracejados abaixo represente as duas extremidades de uma avenida e que o X numa de suas margens seja você:


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X

A não ser que você, assim como as amebas, tivesse a capacidade de se dividir em dois, a trarefa de atravessar essa rua num mesmo sentido duas vezes seguidas seria algo impossível.
Podemos também considerar como parte irrevogável das coisas da vida o ato de embarcar num ônibus por engano. Mesmo que você tome o ônibus certo depois, isso não muda o fato de que seu percurso habitual para o trabalho, casa ou escola foi alterado; que você, mesmo sem querer, acabou fazendo um tour por algum lugar desconhecido da cidade. Em algumas ocasiões, isso até que não pode ser tão ruim, como quando uma amiga me relatou de sua aventura no interior de um ômibus que tomara achando que fosse o que costumava pegar. Ela só se deu conta de que havia cometido um engano quando o dia começou a escurecer e o ônibus não chegava ao destino desejado.
Para encerrar minha crônica, vou me arriscar afirmando que uma das coisas irrevogáveis em nossa vida é o amor. Quando você se entrega a esse sentimento, perde-se em seus muitos caminhos. Não há como desfazer os seus laços. Ele será para sempre aquele fraquejo nas pernas, um palpitar mais intenso, um pensamento meio bobo. Como diria nosso colega Luís: "é um nunca contentar-se de contente; um cuidar que ganha sem se perder." 

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