sábado, 9 de julho de 2011

Por uma boa causa

Mariana desconfiava que o namorado a estivesse traindo. De uns dias para cá, havia-o notado cada vez mais atencioso, mandando-lhe flores diariamente, acompanhadas de bilhetinhos apaixonados. Só podia estar enrolado com alguma outra e agora remoía-se de culpa! Mas se pensava que iria enganá-la com alguns agradinhos bobos - ah, mas estava muito enganado!
Mariana decidiu que deveria investigar mais a fundo a vida do namorado, seus antecedentes e qualquer outra coisa que pudesse incriminá-lo. Ia regularmente ao seu trabalho, a pretexto de matar saudades, e enchia-lhe de perguntas: A que horas voltaria para casa? O que faria depois do expediente? Por que não aproveitavam para darem um passeio? A noite prometia ser agradável.
Agora era Reginaldo quem estranhava: sua namorada estava ficando louca! O que faria agora para palacar aquela mulher? Dava desculpas. Não podia sair a passeios, estava exaurido pelo trabalho. Deixassem para o final-de-semana, então poderiam pegar um cinema.
Mariana não compreendia. O namorado nunca se recusara a nada antes, e só então vinha com aquelas esquisitices, alegando indisposição que nunca tivera. Antigamente, estavam sempre em concordância com tudo, e agora aquela dissensão. O namorado tinha outra. Sim, a outra estava roubando todo o tempo que era seu.
Um dia resolvera meter Reginaldo contra a parede, exigindo que confessasse sua culpabilidade.
O namorado esquivou-se o quanto pôde, mas no final acabou entregando os pontos: tinha sim uma namorada, e ela se chamava Beatriz.
Porém aquilo não bastava. Mariana queria mais, queria saber onde a rapariga morava, qual o número de seu telefone.
Reginalndo mentira sobre tudo, desde o início, afirmando que tinha uma amante. Dera um endereço qualquer para Mariana e um número de telefone inexistente. Mentira por uma boa causa. Ao menos a namorada agora estava satisfeita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário